Sobre o Caboclo Pena Dourada

Sobre o Caboclo Pena Dourada temos que em tempos remotos foi Cacique de Penas , pai de Raio de Sol , esposa amada do Cavaleiro da Estrela Guia. O bondoso Cacique, socorreu o Cavaleiro na hora de sua dor de seu sofrimento a pedido de João da Mina , grandioso espírito de luz da linnha africana, que a todos socorria e ensinava.

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quinta-feira, 7 de março de 2019

SANTO ANTONIO DE BATALHA FAZ DE MIM BATALHADOR


        O cristianismo que nos chegou de Portugal era guerreiro. Justamente em 1500, quando Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, deu-se na península ibérica a última batalha contra os mouros na reconquista de Granada pela qual os cristãos puseram fim a sete séculos de dominação árabe. Até hoje, as lutas entre cristãos e mouros estão presentes na cultura popular brasileira de muitos modos. Além disso, o cristianismo de toda a Europa era guerreiro por causa das cruzadas. Havia santos guerreiros: São Sebastião, São Jorge, Nossa Senhora da Conceição. Santo Antônio ainda é conhecido no Brasil como Santo Antônio militar. A ele são atribuídas vitórias milagrosas contra os invasores calvinistas holandeses e contra os huguenotes franceses em Salvador(1595), contra os franceses no Rio de Janeiro(1567 e 1710) ou contra os espanhóis na Colônia de Sacramento(1703). Sua imagem no andor era levada pelo exército aos campos de batalha, bem assim como os judeus carregavam a arca da aliança na conquista de Jericó e de toda a Terra Santa. Em lugares diferentes recebeu títulos militares, de soldado raso a coronel do Exército brasileiro e nos respectivos santuários recebia também seu soldo, por exemplo Santo Antônio do Relento. Trata-se da imagem(1621) de Santo Antônio de Lisboa, do convento franciscano no Largo do Carioca, no Rio de Janeiro. Quando, em 1710, os franceses invadiram a cidade, a imagem do taumaturgo foi colocada à frente da igreja no relento com o bastão de general na mão e com o rosto virado para o combate. A vitória sobre os franceses foi atribuída ao santo protetor das armas portuguesas. No dia 18 de setembro de 1710, Santo Antônio do Relento ganhou a patente de Capitão de Infantaria em um dos Terços da Guarnição do Rio de Janeiro, com o soldo de 40 cruzados mensais. Mais tarde foi promovido por D.João VI a Sargento-mor da Infantaria(1810) e a Tenente-Coronel(1814).
Além da memória de Santo Antônio militar, santo da corte e do exército de Portugal, existem no Brasil: o pão de Sto.Antônio, a devoção mensal nos dias treze, as preces para encontrar objetos perdidos, as cartinhas para Santo Antônio e os recados do Santo para nós, as promessas a Santo Antônio Casamenteiro, a alegria das festas juninas e vários santuários.
        Fato é que os colonizadores com seu cristianismo guerreiro não admitiam nenhuma religião, nenhuma devoção que não fosse a dos portugueses. Antes de serem embarcados para o Brasil, os escravos negros eram marcados com ferro em brasa, prova do pagamento do imposto real, e batizados com o sinal da cruz . As relações entre a Igreja e o Estado era regidas pelo sistema do Padroado como veremos mais logo. Havia poucos padres no Brasil e seu trabalho era principalmente na corte, nas universidades e na organização das infra-estruturas da própria igreja. A maioria dos portugueses viviam um cristianismo de tradição oral. Além das festas natalinas, a Semana Santa e as festas dos padroeiros, havia os autos, folias, procissões, benditos, benzeções, provérbios. Era uma religião integrada à vida cotidiana, sem o moralismo da Igreja da Contra-reforma que estava nascendo e se fortalecendo na Europa onde estas tradições populares já estavam sendo marginalizadas. Importante é observar que existia uma certa semelhança entre negros, caboclos e brancos pobres nas suas religiões quando não separavam vida e religião. Exatamente isso causaria aproximação e integração.
        O Santo Antônio da tradição dos pobres até hoje ajuda os vaqueiros para conduzir o gado. Contam que o próprio santo era amansador de burro bravo. Manoel Ferreira dos Santos explica: Santo Antônio, no tempo que ele era homem, ele andava no mundo como nós mesmo. O emprego dele foi amansar burro. Ele era amansador de burro bravo, ele era peão. E por isso, ficou a oração dele.
        Ele amansa também os homens. Tem a oração para apartar uma briga:

Santo Antônio de Guiné,/ Amansador de todo brabo./ Amansais fulano./ Que tá brabo, como o diabo.//
        Ele é protetor contra o inimigo da alma pela tradicional bênção de Santo Antônio "Fugi partes contrárias. Venceu o Leão de Judá!" O santo guerreiro do exército português, protege o pobre contra a polícia, contra ladrão e assaltante. Há pessoas que cortam a pele no braço ou nas costas para costurar dentro da carne um minúsculo Santo Antoninho de metal para obter sua proteção contra os inimigos e fechar o corpo para nenhum mal entrar. Dizem: Fulano tem Santo Antônio enterrado no corpo. Em algumas ocasiões, a faca de ponta é chamada "espinho de Santo Antônio". Uma oração contra arma de fogo diz:

Hoje faz noventa dias/ Que eu rezei a Salve Rainha./ Entre o cão e a espoleta(peças da arma)/ Está sentado Santo Antônio e a Virgem Maria.//
        As orações contra os inimigos e para fechar o corpo não são exclusividade de Santo Antônio. Há outras dirigidas a Maria, aos doze apóstolos, a São João Batista, São Jorge, Santa Catarina, São Manso e São Marco, São Sebastião e à Virgem Santa Clotilde. São rezados o Salmo 90 e o Credo em cruz. Nestas orações encontramos expressões como: Jesus adiante e paz na guiao sangue de Jesus (ou: o leite de Nossa Senhora) derramado sobre mima cruz de Jesus sobre mim; coberto com as 5 chagas; trancado com a chave do sacrário; coberto com o manto de nossa Sra; fechado no ventre de N.Sra ou na barquinha de Noé.
        Santo Antônio resolve muitos problemas. Tem histórias que contam que o Santo livrou da forca o seu pai inocente. O mesmo consta em um dos benditos de S.Antônio:
Socorro Antônio socorro/ Socorro no continente/ Vem tirar seu pai da forca/ Que ele vai morrer inocente.// - Levanta corpo morto/ Pelo um Deus que nos criou/ Diga por sua boca/ Se este homem me matou.// Este homem não me matou/ Nem por mim ele pecou/ Antes na hora da minha morte/ Ele me ajudou.// Me diga padre mestre/ Onde é sua morada/ Mesmo que não posso ir lá/ Mas mando lhe visitar.// Sinto muito de meu pai/ De não ser meu conhecido/ Me chamo Antônio Fernandes/ Que de vós eu fui nascido.// De meu pai não quero nada/ Só quero a vossa bênção/ Vou me embora pra Itália/ Terminar com meu sermão.//
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